Sexta-feira, 8 de Maio de 2009
Vou á Casa com muita frequência... não tenho dia certo para lá ir.
Ora vou levar coisas, como ontem fui e aproveitei para ler uma história à Canha pois ela esperava a professora que a vai ajudar de manhã e não foi, estive à conversa com as Irmãs e soube que a Vera tinha "fugido" da Casa...Lembram-se da Vera? A dos gémeos? A quem comprámos o carrinho?
A Vera estava à guarda das Irmãs...não sei porquê, não perguntei porque há coisas que acho que não se perguntam e quem sou eu para perguntar...?!!!
Bem, a Vera fugiu com os filhos...fiquei indignada, muito indignada. Não pelo carrinho, obviamente, mas indignou-me ter procedido assim para as Irmãs que cuidaram dela e dos gémeos para que nada lhes faltasse. Achei uma ingratidão...Acho uma ingratidão!
Ao ler o Rui Marques percebi que "quem quer servir o bem comum, deve ser totalmente imune à expectativa de gratidão da parte dos beneficiários".
Ele diz que só desta forma e sem um "obrigado" podemos ser "pagos" por ver realizado um gesto solidário...
É a pura das verdades, eu sinto-o e sei que é. Mas também sei que é difícil porque fomos educados a dizer "obrigado"...Sei até mais do que isso...Sei que é difícil chegar até este nível de DAR...
Eu disse que este livro me iria guiar...
De Rita a 8 de Maio de 2009
Já te tinha dito que a vida era mesmo assim...lembras-te?Não fiques desapontada porque TU, sim, estás certa, com as tuas atitudes. Só lamento por aqueles dois filhos...que serão criados por uma mulher cobarde e tola! (Ela levou as montanhas de roupa do meu filho que lhe dei? ahahah- é só para saber)
Nucha, não desanime.
A minha mãe conheceu uma senhora que tinha como lema face aos que a tratavam mal: " A minha vingança é tratar deles tão bem que não tenham o que dizer".
Ou seja, neste caso o importante é saber que fez tudo o que estava ao seu alcance para ajudar. Fico mais preocupada é com os gémeos.
De
Nucha a 9 de Maio de 2009
Cabelosnoar,
Eu fico mesmo é preocupada com os gémeos...
Sempre ouvi dizer "fazer bem não olhar a quem"...é esse o lema mas por vezes é dificil perceber esta síndrome de ingratidão. É tão injusto para quem lhe fez tão bem...
Abraço!
De AMC a 10 de Maio de 2009
Paula, compreendo o que sente. Mas tente ver o lado positivo: a Vera teve na Casa das Irmãs o abrigo que lhe fez falta em determinado momento da sua vida e que foi determinante para ela literalmente dar o salto para uma outra etapa que so ela pode viver, num caminho que so ela pode percorrer. Vai ser duro mas ela é que vai sentir a dureza na pele. A verdade é que com a ajuda que as irmãs e a Paula lhe deram ela pode dar outras condições aos filhos. Pelo menos terão um carrinho para se transportar e roupa para vestir que, de outro modo, não teriam.Se ela se vir apertada saberá onde encontrar um abrigo. Caso contrário, vai voar sozinha e dar lugar na Casa a outra criança. Um discurso aparentemente frio, o meu, mas realista, julgo.
bjos e continue porque o caminho é o certo.
ainda não tenho notícias dos "sabões" :)
bjos
amc
De
Nucha a 11 de Maio de 2009
Ana,
Para perceber melhor...a Vera estava lá por ordem do tribunal. Percebe isso muito melhor que eu...
Agora como não se encontra está a tirar o lugar a outros que precisam daquele abrigo...e tenho muita preocupação com os pequenos, para alem de mais dois filhos que ela tem...
Quanto a "sabões" não desespere...faz parte!
Beijinho!!!!
De
Moira a 11 de Maio de 2009
Querida Nucha,
Não fiques desapontada, a vida é assim mesmo. Ocorre-me que ela tenha "fugido", eu diria saído sem dizer nada, exactamente por não ter palavras ou forma de agradecer o bem que lhe fizeram.
Supõe-se que queira ter a sua vida, a sua indepêndencia e espera-se que consiga.
Acredita que ela não vai nunca esquecer que ali lhe deram a mão e será para lá que irá regressar se algum dia precisar.
Mas ao fim e ao cabo, quem dá não espera nada em troca, embora compreenda o teu ponto de vista.
Beijos e boa semana
Moira
P.S.: já usei um piri-piri daqueles ;)
De
Nucha a 11 de Maio de 2009
Moira,
Expliquei pouco sobre a "fuga"...a Vera estava na Casa por ordem do tribunal...para além de muita coisa não tem como valer áquelas crianças...para além dos gémeos tem mais um rapazinho e uma rapariga, entendes?
Não se sabe onde está, o que preocupa as Irmãs, pois ela e as crianças estavam à sua guarda...
Eu não espero nada em troca mas a "ingratidão" para com aquela casa toca-me profundamente!
Beijo!
Citando Rui Marques: ""quem quer servir o bem comum, deve ser totalmente imune à expectativa de gratidão da parte dos beneficiários".
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Citando Rui Marques: ""quem quer servir o bem comum, deve ser totalmente imune à expectativa de gratidão da parte dos beneficiários".
<P class=incorrect name="incorrect" <a>Percebo bem</A> o alcance desta tua citação (já li o Rui Marques e já vi os olhos genuínos que tem ;)..), e concordo. Como não?</P>
Se o que fazemos apenas visasse o reconhecimento e a gratidão..Bem, então, já há muito nada faríamos por ninguém, porque o estímulo é, tantas vezes, inexistente!
Fazemos por amor, por consciencia, por reconhecimento da necessidade ou porque percebemos que alguém o tem que fazer e assumimos a tarefa.
Sou professora, todos os anos acolho os meus alunos, invisto o que de melhor tenho neles e depois..entrego-os ao universo...
O que me choca é a ingratidão que se reflecte nos olhos de alguém que nos olha como se não fossemos especiais para ela/ele...Como se tudo o que fizémos e fazemos, fosse... descartável.
Não tanto a falta de retribuição que me choca, é a falta de consideração...
Percebes?
Ando a tentar digerir isso.
Obrigada
Marta M
Olá Nucha :
Sentimo-nos tão bem acolhidas aqui na sala da Teresa que nos instalámos, não é? Giro.
Compreendo o que referes, como não?
Também estive ligada ao voluntariado, não tanto quando desejaria, por enquanto...Falarei sobre isto contigo em outra ocasião.
Mas a dificuldade de algumas pessoas assumirem as rédeas da sua vida, implica desvalorizar quem o faz (atribuindo qualquer sucesso à sorte e portanto motivo de inveja),como forma de justificar a sua incapacidade de mudar sua situação.
Tudo aquilo que vem fácil, não é valorizado pois não custou a ganhar nem a quem recebe, nem a quem dá, pensam eles...
Não percebem que tudo tem um custo e implica esforço para chegar às suas mãos. É por isso que a caridade sem consciencialização , sem responsabilixação,não costuma produzir muito mais do que pessoas mais frágeis e dependentes.
É uma evidência, mais ainda assim não podem ser desamparados . É investir na educação , única forma de mudar mentalidades de fundo.
Quanto a sentir ingratidão é um facto incontornável, por tudo o que fica dito. Mas acredito que, um coração esclarecido, entende isso - a ingratidão como fraqueza e pertença a um quadro a mudar , a contrariar, mas nunca a desanimar quem se ocupa de tornar este mundo um lugar mais habitável.
Há que continuar apesar de tudo. Alguém tem que o fazer!
Abraço grande.
Nota: Vou colocar este post no teu blog. Adoro estas partilhas - haja tempo para elas! ;)
Reprodução de uma conversa na sala da Teresa ;)
De
Nucha a 28 de Agosto de 2009
Marta,
De facto é giro falarmos em várias salas...
Este tema não acaba mais.
Abraço!
Nucha
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