Domingo, 21 de Junho de 2009

Cuba...hasta siempre!

 

Fui a Cuba em 2004... presente do meu marido pelos meus 40 anos.
Preferi uma viagem a uma festa. Não me apetecia comemorar o meu aniversário,  estava a passar um período doloroso de perda de uma pessoa que amava.
Foi uma escolha pensada um sítio que ambos desejávamos conhecer.
Como todos os turistas instalámo-nos num resort em Varadero. Magnífico sem dúvida...nada nos faltava!
Mas, como não somos turistas comuns, no sentido de nos instalarmos no resort e não conhecermos mais nada...iniciámos o nosso périplo por Varadero desconhecido dos turistas.
Nos mercados de artesanato conversámos com os artesãos e entendemos como tudo se processa nos “mercadillos”...eles contam pouco e a medo mas sempre com um sorriso (muitas vezes forçado!).Entramos no supermercado interdito aos cubanos, só para turistas e recordo muito bem do monte de alguidares plásticos e coloridos...ainda hoje me pergunto para quê???? Recordo ainda com mais nitidez o balcão frigorífico das carnes, com cerca de 4 metros e com um lombo de porco lá dentro. Sim, apenas UM lombo!
Nestas deambulações por Varadero Viejo encontrámos uma padaria do Estado sem um único papo-seco!
Em Varadero comprámos charutos numa loja especializada em tabacos e muito luxuosa, posso dizer-vos que, como era uma loja do Estado os empregados "estão-se nas tintas" para os clientes...é engraçado percebermos estas coisas.
Assim fomos percebendo como se vivia em Cuba. Mas era preciso ir a Havana para ver mais e  fomos.
Não esqueço duas coisas da viagem:  A primeira tem a ver com a cancela que teve que se abrir para o autocarro passar.
Varadero tem um estatuto especial dentro desta ilha caribenha. Só em Varadero se aceitam Euros, pelo menos na altura, e há muito pouco tempo.
 A segunda tem a ver com a Guia que nos levou. Para além dela ia o motorista e um indivíduo que fazia a reportagem em vídeo para quem quisesse comprar. A Guia sempre que falava qualquer coisa terminava com a frase "nuestro Comandante". Não contei as vezes que ela disse mas asseguro-vos que foram muitíssimas.
Percebi, muito bem, que a Guia não responde a todas as questões colocadas pelos turistas porque são incómodas para o tipo de ditadura que ali se vive e mais... ela não sabia se o fotógrafo ou o motorista podiam  ou não ser delatores.
Chegámos a Havana. Durante o  percurso fomos avisados como crianças que em caso algum nos podíamos separar da Guia.  A própria se intitulava de "Mamã" e nós os seus filhos.
A chegada a Havana é estonteante pois mal saímos do autocarro crianças e adultos correm ao autocarro para nos venderem "cacauetes" e para nos pedirem tudo o que lhes possamos dar.
Por saber disso levei algumas coisas na carteira, como sabonetes, que sabia serem deveras apreciados. A partir daí abordam-nos de todas as formas mas com muito cuidado. Desde os que querem que compremos charutos ou rum sem factura, vale tudo!
Mas Havana foi uma sumptuosa cidade que hoje nos leva às lágrimas no verdadeiro sentido da palavra. Tudo o que vos possa contar ficará aquém da verdadeira realidade.
A cidade é uma cidade destroçada onde não há nada. O pouco que há é para os turistas.
Mal conseguimos, afastámo-nos da Guia e posso dizer-vos que ela não gostou.
Claro que fomos ao bar que  Hemingway  frequentava tomar um "Mojito"- La Bodeguita del Medio. O El Floridita era outro dos bares de referência do escritor.  Quem não leu "The old man and the sea"? Mesmo que muito turístico seja este roteiro não o perdemos. Também fomos até ao Molécon...aí o mar é o limite!
Fomos até onde pudemos em La Habana Vieja. A cidade foi linda mas hoje é um destroço.
Quando me dizem que os cubanos são um povo feliz esboço apenas um sorriso: eu não achei!
Como se pode ser feliz se não há comida e quando há é racionada e muito pouca? Como se pode ser feliz onde não há leite, quando há é em pó e mesmo assim muito racionado? Como se pode ser feliz onde nos cortam a electricidade e o muito pouco que há nos frigoríficos se perde? Como se pode ser feliz quando por mês o ordenado ronda os 25 €?  Como se pode ser feliz onde não podemos dar seja o que for aos nossos filhos? Como se pode ser feliz quando não se pode dizer o que se pensa?
Este texto já vai longo. Teria muito mais a dizer e a contar da minha estadia em Cuba mas não é essa a razão que me fez escrever tudo isto. Aconselho-vos a ir pois é sem dúvida uma viagem muito transformadora a muitos níveis.
Quando falo com pessoas que já lá estiveram e se cingiram a ficar num resort em Varadero e comer lagostas sinto que é muito redutor…Como é possível estar em Varadero e não conhecer os mercados de artesanato que por lá proliferam? É muito engraçado comprar uma escultura e quando perguntamos de onde veio esta madeira para a fazer nos respondem que em tempos esse pedaço de madeira foi um poste de electricidade… Ou comprar uma pulseira feita de um garfo de alpaca com contraste que nos relembra o fausto vivido naquela Ilha…
Nem sequer saber que há Varadero Velho e “Cocos”? Quando se bebem Mojitos no hotel como se estes fossem acabar…e não se vai a Havana? Onde até a Praça onde o Ditador discursa é digna de ser vista! Desculpem-me mas fazer turismo é importante também para tomadas de consciência e Cuba é um destino importante não só pelo Sol e pelo Mar azul cristalino…e lagostas!
Pretendia ser uma abordagem a um blog que gostaria de apresentar e fazer difundir de uma cubana, Yoani Sanchez,  que conta, através do seu blog, a vida em Cuba.
 Quero deixar-vos este blog como um blog a seguir.
Mas este blog é feito de muita coragem, com muita solidariedade (vejam as traduções feitas por blogueiros) e ainda com alguma fé.
Em Cuba os cubanos não têm aceso à Net como nós. Este blog vem através de Cuba, só Deus sabe como!

E incontornável...Hasta Siempre

 

publicado por Nucha às 19:08
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